A junta militar de Myanmar destruiu publicamente partes de um notório complexo fraudulento, KK Park, reivindicando uma repressão total às fraudes forçadas dentro das suas fronteiras. No entanto, novas imagens de satélite sugerem que a destruição se limitou a uma única secção da enorme instalação, levantando dúvidas sobre a sinceridade do esforço. Os especialistas acreditam que esta pode ser uma jogada de propaganda calculada, destinada a desviar a pressão internacional.
Destruição limitada, infraestrutura intocada
Imagens de alta resolução do Parque KK, perto da fronteira entre Mianmar e Tailândia, mostram que, embora alguns edifícios tenham sido demolidos, a grande maioria permanece intacta. A destruição parece confinada ao lado leste do extenso complexo, deixando centenas de estruturas intocadas. Esta demolição selectiva alimenta o cepticismo quanto ao compromisso da junta em eliminar as operações fraudulentas.
Um esforço ‘performativo’?
Os analistas sugerem que os ataques fazem parte de um esforço mais amplo e encenado para apaziguar as críticas internacionais. A junta enfrenta um escrutínio cada vez maior sobre os florescentes complexos fraudulentos que geraram milhares de milhões para grupos do crime organizado. Eric Heintz, da Missão de Justiça Internacional, salienta a importância da monitorização contínua para determinar se a repressão é genuína ou apenas para exibição.
As vítimas permanecem presas
Apesar da destruição encenada, milhares de pessoas permanecem presas no Parque KK, incluindo potencialmente vítimas de tráfico. Mechelle B Moore, CEO da Global Alms, salienta que a junta permitiu que chefes e supervisores fraudulentos fugissem, destruindo apenas estruturas periféricas. A infraestrutura crítica necessária para continuar as fraudes permanece totalmente operacional.
A ascensão dos compostos fraudulentos do Sudeste Asiático
Ao longo da última década, os compostos fraudulentos proliferaram em todo o Sudeste Asiático, particularmente em Mianmar, Camboja e Laos. Operados ou ligados ao crime organizado chinês, estes compostos atraem as vítimas com falsas ofertas de emprego antes de as forçarem a cometer fraudes. As vítimas muitas vezes têm os seus passaportes apreendidos e enfrentam tortura ou violência se resistirem.
KK Park: um centro notório
O KK Park cresceu de uma série de campos para um amplo complexo que abriga milhares de pessoas. A junta afirma ter detido e repatriado mais de 12 mil cidadãos estrangeiros ilegais, mas os especialistas não estão convencidos. A televisão estatal transmite imagens de equipamentos destruídos, mas estas parecem destinar-se ao consumo público e não à aplicação genuína.
Pressão das sanções e da China
A repressão da junta pode ser motivada por pressão externa. Os Estados Unidos lançaram uma Força de Ataque Central Scam, visando a infra-estrutura por trás destas operações. A China extraditou alegados chefes criminosos e condenou outros à morte. O governo militar também se prepara para eleições amplamente criticadas em Dezembro.
O panorama geral
A destruição de alguns edifícios no KK Park pode ser entendida como propaganda, destinada a satisfazer a pressão internacional. Jason Tower, da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, sugere que as ações da junta são performativas e que a repressão não pode ir além de exibições superficiais. Muitas vítimas permanecem presas, com demasiado medo de sair, mesmo quando os sindicatos criminosos fogem.
Em conclusão, embora a junta militar de Mianmar tenha destruído publicamente partes do Parque KK, as evidências sugerem que o esforço é em grande parte simbólico. A infraestrutura principal permanece intacta e milhares de vítimas potenciais permanecem presas no complexo.






















